A falta de técnicas de manejo sustentável do uso da terra promove intensa pressão sobre os biomas brasileiros, ameaçando muitas espécies de extinção. Especialistas em plantas medicinais acenam que a falta de investigação científica, aliada ao uso inadequado dos recursos vegetais, podem acarretar na perda do conhecimento tradicional dessas espécies. "As atuais atividades extrativistas, aliadas às políticas conservacionistas pouco eficazes, entre outros fatores como especulação imobiliária e poluição, ameaçam a sobrevivência das espécies da flora brasileira de maneira geral. Incontáveis espécies ainda não tiveram seu potencial para exploração comercial ou medicinal, inteiramente esclarecido e pode ser que nunca venham a ter", comenta João Marcelo da Silva, biólogo e mestrando do programa de pós-graduação em Fisiologia e Bioquímica de Plantas, da Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" (USP/ESALQ).
Segundo o pesquisador, plantas do gênero Smilax L., conhecidas popularmente como japecanga, cipó japecanga, salsaparrilha e aputá, poderiam perfeitamente serem incluídas neste contexto, visto que são amplamente utilizadas por seu caráter medicinal. Sob orientação da professora Beatriz Appezzato da Gloria, do Departamento de Ciências Biológicas (LCB), João Marcelo conduziu sua pesquisa com objetivo de apresentar a anatomia e o perfil químico de duas espécies deste gênero. Para tanto, coletou material na Mata Atlântica, mais precisamente em Santa Tereza (ES) e na floresta amazônica, em Manaus (AM). "Observamos a carência de caracteres que pudessem levar à correta identificação das espécies do gênero e, dessa forma, levantamos caracteres de valor diagnóstico afim de diferenciar tal espécie e assim solucionar o problema da identificação incerta", comenta.
O material botânico foi herborizado e identificado sob supervisão da pesquisadora Regina Helena Potsch Andreata, da Universidade Santa Úrsula, do Rio de Janeiro (RJ). As análises químicas foram supervisionadas por Juliana Severi, do Departamento de Química Orgânica, do Instituto de Química da Unesp/Araraquara e os exemplares foram registrados e incorporados ao acervo do herbário da ESALQ.
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Exemplar da espécie Smilax syphilitica no campo. |
Nas análises, as duas espécies em estudo puderam ser distinguidas a partir de seus caracteres anatômicos - principalmente os foliares, e sua composição química evidenciou compostos fenólicos como principais constituintes, cuja ação bactericida é comprovada. De acordo com o autor do estudo, sua pesquisa ratificou a importância de análises anatômicas e ultra-estruturais na identificação de plantas e também de drogas de origem vegetal. "O trabalho resultou em ferramentas eficientes de distinção entre as espécies estudadas, uma vez que trouxe informações inéditas sobre sua composição química, que podem levar ao esclarecimento dos princípios ativos destas plantas. Assim, os resultados proporcionarão uma base mais segura para a certificação e comercialização dessas plantas medicinais", conclui.
Fonte: Notícias ESALQ/USP
Texto: Caio Albuquerque
10/02/2011
Texto: Caio Albuquerque
10/02/2011
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