Ele turbina a memória, combate vertigens e zumbidos nos ouvidos, ameniza as dores de cabeça, protege a pele e é investigado no tratamento de alguns tipos de câncer.
No Japão, a árvore do Ginkgo biloba é símbolo de longevidade. Graças a sua capacidade de suportar infecções e substâncias tóxicas, ela pode viver até 4.000 anos. Por causa dessa senhora resistência, ela foi a primeira espécie a brotar após o ataque atômico sobre a cidade de Hiroshima, em 1945. E a ciência tem encontrado indícios de que seus predicados podem ajudar a garantir uma vida mais longa e saudável também para os seres humanos. Os chineses lançam mão do seu extrato há milhares de anos para tratar problemas que vão de ansiedade a cegueira, passando por doenças vasculares e incontinência urinária. Hoje, cada vez mais gente aposta nos seus efeitos terapêuticos, fazendo com que a planta seja a base de um dos fitoterápicos mais vendidos no mundo.
Toda essa fama não é à toa, dada a longa lista de benefícios do ginkgo. “Ele dilata os vasos sanguíneos e deixa o sangue menos viscoso”, conta a fitoterapeuta Vanderlí Marchiori, de São Paulo. E isso repercute em todo o organismo, pois a circulação flui com mais facilidade e rapidez pelo corpo, irrigando e oxigenando melhor os tecidos e alcançando lugares mais distantes do coração. No cérebro, esse aumento no afluxo de sangue diminui a pressão arterial, melhorando as dores de cabeça e evitando coágulos, o que pode reduzir o risco de derrames oclusivos, aqueles provocados pelo entupimento de um vaso cerebral. “O ouvido é outro beneficiado, já que esses ganhos atingem o labirinto, diminuindo tonturas e zumbidos”, conta Vanderlí.
Até mesmo as dores nas pernas e nos braços, quando provocadas por problemas na circulação, são amenizadas. “Além da sua ação sobre o sangue, o vegetal melhora a absorção da glicose, o combustível básico para o organismo, e da ATP, uma molécula que armazena energia nas células vivas”, acrescenta a fitoterapeuta. Como se não bastassem todas essas propriedades, seu extrato ainda tem ação antiinflamatória e antioxidante, o que significa que o ginkgo combate a ação dos radicais livres, que provocam o envelhecimento precoce e a morte celular e podem desencadear doenças degenerativas. Muitos especialistas afirmam ainda que a ingestão dos comprimidos tem até mesmo efeito sobre o humor, já que eles favoreceriam a ação da serotonina, um neurotransmissor ligado à sensação de bem-estar que reduz o estresse e a ansiedade.
Mas, de todas as qualidades da planta, de longe, a mais conhecida é a de dar um gás nas funções cognitivas, ou seja, melhorar a memória, o aprendizado e a vigilância. E muitos estudos já comprovaram que realmente funciona. A bióloga Suzete Maria Cerutti, professora do Laboratório de Farmacologia Comportamental e Etnofarmacologia do Departamento de Ciências Biológicas da Universidade Federal de São Paulo, foi a responsável por um desses trabalhos: avaliou a ação do vegetal no cérebro de ratos idosos que haviam sofrido com estresse oxidativo, ou seja, provocado pela ação dos radicais livres. “Notamos que ele protegeu as células do córtex pré-frontal dos animais, uma parte da frente do encéfalo que está envolvida com a atenção e com o comportamento necessário para a tomada de decisões”, conta. “Essa região também está relacionada à formação de alguns tipos de memória, em especial aquela que usamos rotineiramente e é a base para o pensamento abstrato e para o raciocínio”, acrescenta Suzete.
Esse efeito também foi testado em pacientes com Alzheimer, que apresentaram uma melhora de até 20% no desempenho em testes cognitivos. Apesar dos resultados satisfatórios obtidos nessas investigações, os especialistas acreditam que ainda é cedo para se definir se os comprimidos do vegetal podem ser benéficos quando o estrago nas células do cérebro já está muito avançado. Outra questão que ainda não tem resposta é se o medicamento também é indicado de maneira preventiva, ou seja, para evitar perdas de memória em pessoas saudáveis. “É isso que estamos tentando entender e o que deve ser esclarecido com pesquisas futuras”, diz Suzete.
OUTROS BENEFÍCIOS
- diminuição nas crises de asma
A cardiologista Marinez Domeneghini Hillebrand avaliou a influência do ginkgo sobre a qualidade de vida de asmáticos. “A resposta foi bastante positiva no caso dos voluntários que ingeriram o extrato da planta em vez do placebo”, conta Marinez. “Isso acontece graças ao componente anti-inflamatório da planta, que evita e
minimiza as crises.”.
Pesquisadores da Georgetown University Medical Center, nos Estados Unidos, testaram a ação do vegetal sobre o câncer de mama. Para isso, deram o seu extrato para as cobaias antes e depois de implantarem células cancerosas nos ratinhos. E o resultado foi muito animador: houve uma diminuição de 80% no crescimento do tumor.
Na Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo, o extrato do vegetal foi avaliado como protetor solar. “Ele se mostrou eficiente na prevenção dos danos provocados na pele pelos raios UV e na redução da vermelhidão provocada pela exposição ao sol”, conta Patrícia Maia Campos, farmacêutica-bioquímica que coordenou a pesquisa. “Além disso, alguns trabalhos indicam que a sua ação antioxidante pode reduzir os efeitos prejudiciais dos radicais livres produzidos na pele pela radiação solar”, acrescenta a professora Lorena Gaspar Cordeiro, que também participou do estudo.
Fonte: Revista Herbarium
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